NathSchneider
Era um domingo comum na chácara dos palotinos em Itaara, quando Dorli Signor, padre que se descobriu escultor, moldou um casal em areia próximo a um lago. As pessoas passavam e interagiam com olhares ou comentários. No dia seguinte, já de volta para a cidade, ele comprou 1kg de argila e moldou a primeira escultura. Atualmente, aos 84 anos, ele já acumula três salões com obras em argila e mais um pátio enfeitado com as esculturas, tudo isso nos fundos da Faculdade Palotina (Fapas).
Dorli começou a realizar as primeiras esculturas por volta dos anos 80 e, em 1982, conheceu a biodança. A prática permite desenvolver as potencialidades humanas através de dança, canto, comunicação, escrita, outras formas de expressão e tem como objetivo resgatar potenciais adormecidos de cinco canais específicos: vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. Inspiradas na biodança, as imagens surgem no interior do artista através da prática. Segundo Dorli, nenhuma é igual a outra:– É só pegar argila e colocar em cima de uma mesa e quando vê já saiu uma imagem. Você tira de você mesmo. Não é que nem o artesão que copia o modelo. Essa é uma criação do artista que você tem e não sabe que tem, elas saem naturalmente – explica com simplicidade.
Durante a trajetória artística, o padre vivenciou momentos de críticas e de reconhecimento. No início da carreira, sofreu algumas repressões, inclusive de colegas e autoridades da igreja. Na época, a biodança e as artes que surgiam dela eram considerados um grande tabu para outros sacerdotes. O reconhecimento começou a surgir por meio de exposições em cidades como Brasília, Rio de Janeiro, Santa Maria, Petrópolis e Porto Alegre.
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Hoje, Dorli mora na Comunidade Padre Caetano Pagliuca, no bairro Patronato, onde consegue passar adiante conhecimentos de biodança, produzir as artes na olaria que o local oferece e se expressar através da escrita. Para ele, a arte é essencial para as relações humanas:– Sem arte não existe educação. A arte faz você enxergar além, não fica só de cabeça baixa. Ela levanta a cabeça para ver as coisas. Arte não tem significado, a finalidade dela é a expressão da beleza, só isso – fala.As esculturas estão permanentemente expostas em três salões e no pátio. São autorretratos, figuras que contam histórias imaginárias e do cotidiano, como jogadores de futebol do clássico GreNal, esfinge, anjos e muitas outras imagens. A exposição mais recente conta com esculturas produzidas durante a pandemia. Para conhecer o local, é preciso ligar e agendar a visita.
Agende-se
Onde – Pallotti, R. Padre Alziro Rogia, 115 – Patronato, Santa MariaQuando – De segunda a sexta, das 9h às 17h30, com agendamento.Agendar pelo telefone – (55) 32204590Entrada gratuita
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